quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ALIRIO NUNES E MARIA FERREIRA


Alirio Nunes de Oliveira ( Aldeia Kariri-Xoco 1927 - Aldeia Kariri-Xoco 1990 ) , índio Xocó, pescador bisneto de Inocêncio Pires Muirá 1855-1930 Cacique dos indios Xocós de Sergipe. A mãe de Alirio era filha de Ormina casula de Inocêncio Pires, que foram expulsos da Ilha de São Pedro de Porto da Folha, Provincia de Sergipe em 1898, pelos fazendeiros colonizadores. Nas manifestações da Cultura Popular em Porto Real do Colégio, Alirio participava da manifestação Cultural da Chegança no personagem do Capitão-de-Mar-e-Guerra, junto com o Cacique Jonas Ibá com vestimenta de General Almirante na década de 1940. No Baixo São Francisco, Alirio conhecia todos os pescadores, onde vendia o pescado na cidade, onde era bastante conhecido. Casou com Maria de Lourdes Ferreira dos Santos ( Aldeia Kariri-Xoco 1926 - Aldeia Kariri-Xoco 2009 ), india Kariri, filha de Euclides Ferreira neto do índio Capitão Mor Pedro Horácio, da Aldeia de Colégio, da tradicional Família Botó. Maria de Lourdes Ferreira, foi uma grande Contadora de História da tribo, de J, ela ceramista tradicional, muito respeitada na aldeia como Conselheira. Alirio e Maria Ferreira deixou uma numerosa família, eram os pais de José Nunes de Oliveira (Nhenety), e mais seis irmãos.

Nhenety Kariri-Xoco .

terça-feira, 5 de outubro de 2010

ZÉ DE OURO


José Luiz dos Santos ( Porto Real do Colégio-AL. 1910, Aldeia Kariri-Xocó 1994 ), conhecido como Zé de Ouro, sobrinho de Maria Matildes Líder Indigena dos Kariri de Porto Real do Colégio, seu Pai Luiz Antigo era irmão desta grande mulher que governou os indigenas de Colégio entre 1932 a 1944 . Após a morte de Maria Matildes, os indigenas ficaram sem alternativas de trabalho, sem terras, nem assistência, foram vender sua mão-de-obra aos fazendeiros da região do Baixo São Francisco. Zé de Ouro com espirito de liderança tornou-se Cabo de Turma ( nome dado ao Chefe de Empleitada ), dos indigenas, onde faziam Cantos de Multirão tradicional dos Kariri-Xocó. Casou com Maria de Souza Pires, índia Xocó, construindo uma grande Família. Com a aquisição da Colônia Indigena (terras doadas pelo Ministério da Agricultura ) aos indios de Porto Real do Colégio em 1947, parte da comunidade sairam da " Rua dos Caboclos " foram morar neste lugar para plantar suas roças e criar animais domésticos. Passando os anos Zé de Ouro tornou-se Chefe de Família numerosa na tribo, reconhecido na comunidade como um dos mais habilidosos homens na força de trabalho no manuzeio da enxada, linpa da roça, coivara técnica indigena de cultivo na terra tradicional .

Texto: Nhenety
Foto : juayran, yarw e Seredser

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

APRESENTAÇÃO ANTIGA DO TORÉ KARIRI-XOCO


Os indigenas de Porto Real do Colégio, inicialmente foram aldeados por padres jesuítas entre os século XVI e XVII, na região de Urubu-mirim. Com a expulsão da Companhia de Jesus no Brasil, os indigenas ficaram sobre Administração da Diretoria dos Indios a parti de 1798. No século XIX os indios da Provincia de Alagoas, entre elas a de Colégio eram arrendadas aos colonos pelos Diretores das Aldeias, para dar assistência aos indígenas. Consequentemente com a política de extinção dos aldeamentos para transforma-las em Vilas e Cidades, o Governo da Província de Alagoas por Ordem do Império em 1873, declara extinta as aldeias tomando posse de seus territórios. O Vila de Porto Real do Colégio fora criado em 7 de julho de 1876, na Administração local da Intendência. Os indios foram morar na periferia da cidade sob discriminação na " Rua dos Caboclos " oficialmente Rua São Vicente. Para serem reconhecidos novamente pelas autoridades da República no anos de 1942 os indios Kariri-Xoco começaram fazer Apresentação de Toré seja na cidade o fora dela na época do S.P.I. para fundação do Posto Indigena. Anos se passaram essa prática de fazer Apresentação de Toré trouxe muitos beneficios a comunidade, as reconquista das terras, projetos de casas, escola, alimentação etc. Varios momentos de nossa história fizemos apresentações de Toré, como esta na foto 1977, os Kariri-Xocó com o Padre Peret, vigário da Diocese de Porto Real do Colégio, quando este visitou o Ouricuri . Atualmente temos vários Grupos de Cantos e Danças do Toré Kariri-Xocó, que viajam para várias cidades do país, S. Paulo, RJ, Maceió-AL, Aracaju-SE, Fortaleza-CE, Salvador-BA, Belo Horizonte-MG, João Pessoa-PB, etc., divulgando cada vez mais a Cultura Indigena .

Nhenety Kariri-Xocó .

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

FRANCISCO SUIRA


Pajé Francisco Queiroz Suira ( Aldeia Kariri-Xocó 1912 - Porto Real do Colégio, Alagoas, 1994 ) foi um dos mais influentes lideranças dos indigenas alagoanos.

Com apenas 16 anos tornou-se Pajé dos Kariri e Xocó, por sua dedicação as tradições, superando grandes anciões da época em 1928, quando iniciou sua trajetória de preservar os rituais de seu povo. Em 1942 fez fez várias viagens a Bom Conselho, Pernambuco para falar com o Padre Alfredo Dâmaso, na tentativa de reconhecimento dos Kariri pelos S.P.I. (Serviço de Proteção ao Índio). Pela amizade do Cacique Sarapó e Basilio dos Fulni-ô de Águas Belas, Pernambuco que conhecia Padre Alfredo, os Kariri foram reconhecidos como Povo Indigena pelo Órgão Federal em 1944, no qual fundou o Posto Indígena que levou o nome do pároco protetor .
Com o crescimento da população indigena Francisquinho como era conhecido teve uma outra conquista, sob proteção do S.P.I. , adquiriu uma faixa de terra em 1947 denominada " Colônia ", de 54 hectares para agricultura de subsistência dos indígenas de Porto Real do Colégio. Neste local fundou ainda a segunda aldeia, onde também morou, mas a outra parte da comunidade ficava na Rua São Vicente ( Rua dos Índios ) sob a liderança de seu irmão o Cacique Otávio Queiroz Nidé.
Francisco queiroz Suira em 1978, foi um grande Pajé na conquista da Fazenda Modelo em poder da CODEVASF, local da antiga aldeia, ás margens do rio São Francisco, banhada pela Lagoa Comprida, no cimo da Colina " Alto do Bode ". Na década de 1980 fez várias viagens a Brasília para reconstrução da Nova Aldeia, concretizando o sonho do velho pajé, os indigenas sairam da Rua dos Índios na periferia da cidade de Porto Real do colégio com os da Colônia numa mesma na Nova Aldeia Kariri-Xoco .

Texto: Nhenety Kariri-Xoco
Foto : juayran,Seredser, yarw

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CD ROJÃO O MUTIRÃO KARIRI-XOCO

Os indígenas Kariri-Xoco que localizam-se no municípios de Porto Real
do Colégio e São Braz, Alagoas tem nas tradições, o trabalho em Regime
de Multirão, seja na limpa da roça, construção da casa de taipa(agora
alvenaria), colheita da safra agrícola, na caça, pesca, plantio de
arroz. O Mutirão instituição social caracteriza pelo trabalho coletivo
de várias famílias entre-ajudar a outra para concluir uma tarefa
grande em um so dia, vem acompanhado com os "Cantos de Rojão". Para
entender como funciona os Cantos de Rojão, os homens trabalham em 6 a
8 pares cantando com 1ª e 2ª Voz, formando "Duplas de Cantos", nas
roças, quintais e nas lagoas. O Ponto de Cultura Horizonte Circular
trouxe o Cantor de Rojão Dioclecio Francisco Tenório para repassar
Cantos do Mutirão ou Rojão as crianças da Escola Indígena Estadual
Pajé Francisco Queiroz Suira. A Colônia Indígena Área Agrícola doada
pelo ministério da Agricultura aos Kariri-Xocó em 1947, ficou marcada
na cultura do grupo tribal como o local onde houve mais Mutirão com
Cantos de Rojão, Dioclecio descreveu também no quadro da sala de aula
as casas dos habitantes da Colônia com seus respectivos moradores,
especie de mapa histórico, que chamou muito a atenção das crianças e
principalmente dos professores, onde teve alguns deles que
emocionaram-se, lembrando dos bons tempos. Já no patio da escola
Dioclecio formou Dupla de Cantos de Rojão com Caco, Tio Ze, as
crianças imitando mesmo baixinho. Entre os Cantos de Rojão
apresentados :

Na comunidade Indígena Kariri-Xocó temos mais de 30 Cantos de
Multirão, que vamos ainda passar para as crianças como forma de
resgate cultural de um povo que trabalhou ao longo de sua historia na
região onde perfaz o Horizonte Circular nas cidades, povoados,
vendendo sua mão-de-obra aos fazendeiros para sobreviver. Mas também
nesta formação cultural, teve momentos felizes pela troca cultural,
nos cantos, danças, mão-de-obra, cerâmica ficou a amizade entre
comunidades circunvizinhas nas margens do Rio São Francisco. Blogs do
Horizonte Circular
http://horicular.blogspot.com/2010/05/i-oficina-de-mutirao-cantos-de-rojao.html
.

Nodia 18 de Setembro fomos gravar o CD ROJÃO nqa Aldeia
Kariri-Xoco no Espaço Cultural do Grupo Indigena de Ayrá, onde hovia
distante da aldeia original a cerca de 4 Km da cidade de Porto Real do
Colégio, Alagoas.

No decorrer dos trabalhos de Gravação do CD Rojão Kariri-Xoco, os
Cantos ficou assim ordenados, com suas respectivas duplas :

1. CAPIM DA LAGOA

Capim da Lagoa Ê Oi
Capim da Lagoa
Sereno Molhou
Bis, Bis etc...

Duplas Masculinas : Seregê e Natuyê ; Eberú e Kene; Soyré e Erú .

2. CUIBÁ DA LAGOA

Cuiabá da Lagoa
Ê Oi
Pajéú não pude entrar
Ê Oi
Minha gente me ajude
Não deixe morrer só
Esse ano vou a festa Êi
Com a roupa de algodão
Ê oi .
Bis, Bis, etc..

Duplas Femininas : Vandete Suira e Carminha Taré, Silvânia Taré e
Vandélia Suira .

3. MÃE DA LUA FALA

Mãe da Lua Fala
Ê Oi
Oi Dchá Lê Lê
Mãe da Lua Fala
Ê Oi Dchá Oi .
Meu Cavalo é tão Forte
So fala em gibão
Mãe da Lua Fala
Antônio Celeiro fez uma cela
O defeito era Cochim
No Pino da Meio Dia
A Lágrima Corria
Fazia Consolação
a Mãe da Lua Fala Ê Oi .
Bis, Bis, etc...

Duplas Masculina : Seregê e Kene ; Soyré e Erú ; Orêia e Eberú .

4. Ê OI MEU BEZERRO

Ê Oi Meu Bezerro
Ê Oi Quer Mamar
Va Mamar na Vacaria
É Lá que meu Boi Vai dar
Isso Mesmo que eu queria
Ferro novo de engomar
Bis, Bis, etc ...

Duplas Masculina : Seregê e Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .

5. O MEU PASSARINHO VERDE

O Meu Passarinho Verde
Onde é que voçê Mora
Eu Vou Beber
Na Flor da Jurubeba .
Bis, Bis, etc...

Duplas Feminina : Vandete Suira e Carminha Taré, Vandélia Suira e
Silvânia Taré .

6. OLHA O BALÃO CELINA

Celina Olha o Balão
Olha o Balão Celina
Rojão de Vadiar
Olha o Balão Celina
So Venho de ano em ano
Olha o Balão Celina
Nas Oitavas de Natal
Olha o Balão Celina

Bis, Bis, etc ...

Duplas Masculina : Seregê e e Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .

7. SERRA DA BANDEIRA

Ê Oi Minha Serra da Bandeira
Ê Oi Minha Serra Embandeirar

Bis ; Bis ; etc ...

Duplas Masculina : Seregê e Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .

8. OLHA A ONÇA

Aiá Olha a Onça
Na Ponta da Aréia
A Onça le Pega
Arranca as Ourêia

Bis ; Bis ; etc ...

Duplas Femininas: Vandete Suira, Carminha Taré ; Vandélia Suira e
Silvânia Taré .

9. OI PENA

Oi Pena
Oi Pena
Oi Pena
Eu Vou Penar
Quando eu cantava
Ele na Barba a Vadiar
Meu Indios na Verdade
Eu agora vou falar
Estou cantando esse Rojão
E agora eu vou falar
Minhas Indias na Verdade
E agora eu vou falar
Oi Pena
Oi Pena
Oi Pena
Eu vou Penar.

Bis ; Bis ; etc ...

Duplas Masculina : Seregê e Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .

10. LAGOANA

Ê Ê
Ê Oi Lagoana Ê
So me caso com voçê Lagoana
Ê Ê Oi
Dona Vandete na Verdade
Eu agora vou falar
Ê Ê Oi
Lagoana Ê
So me caso com voçê Lagona
Ê Ê Oi

Bis ; Bis ; etc ...

Duplas Masculina : Seregê e Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .

11. DEPOIMENTOS HISTÓRICO/CULTURAL DO ROJÃO KARIRI-XOCO
( Seregê , Soyré com complemento de Nhenety )
Culturalmente a palavra Rojão, Batalhão, Multitão, Putyrõn significa
a mesma coisa, tanto para os Kariri-Xoco, como para outros povos
indigenas, quanto para a sociedade. Na tradição nativa do Brasil os
povos indigenas faziam suas roças, caçadas, malocas em regime de
mutirão, Potyrôn = Poder de reunir no canto, para executar certas
tarefas da comunidade. Quando o Chefe da Familia ia plantar a roça,
fazer uma casa nova, avisava a comunidade, preparava a comida, bebida
do cauim para todos ajudar na empleitada, com cantos típicos. Temos o
Rojão de Roças, de Plantio na Lagoa e de Tapamento da Casa. O Rojão
pelo conteúdo do Canto percebemos vários periodos históricos, fala de
dos Tempos Tradicionais com a Onça, Mãe da Lua , Bandeira época dos
Bandeirantes, Meu Bezerro Ciclo da Criação de Gado século XVII, Natal
época do contato, também refere a outras datas da exploração da
mão-de-obra com rojão da Pena Eu vou Penar, Balão das Festas Juninas
do Nordeste Brasileiro .

12. ÊDCHA Ê

Êdcha Ê
Êdcha Ê Oi
Êdcha Ê Ou dcha Ou dcha
Êdcha Ê Ê Oi

Bis ; Bis ; etc ...

Duplas Masculina: Seregê e Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .

13. BOI PRETO

Ê Boi Preto
Meu Gade Má Meu Boi
Êdcha Ê Êdcha Lê Lê
Ê Ê Oi

Bis, Bis ; etc ...

Duplas Masculina : Seregê e Kene ; Eberú e Orêia, Soyré e Erú .

14 . ELENA

Vou embora
Vou embora
Elena
Eu Vou Elena
Tão Cedo eu não venho cá Elena
Eu vou Elena

Bis ; Bis ; etc ...

Duplas Masculina: Seregê, Kene ; Eberú e Orêia ; Soyré e Erú .



EQUIPE DE APOIO

* Câmera : Yarw
* Fotografia : Juayran, Seredzé, Warydzá .
* Produção Nhenety e Ayra


A gravação do rojão na aldeia kariri xocó

Essa gravação já era esperada nos esta preparado pra o que vinha ,não foi muito difásio pra organiza todos paganizou deram um boa ajuda ,a gravação foi em um luga lindo e tranquilo
a gravação foi boa tiramos varias fotos e eu fiz um pequena reportagem com os cantores cantores
de rojão e perguntei o que era rojão pra eles:
Eles mi responderam, que rojão pra ele era como um um relógio que eles queria controla o tempo
por que quando o povo mais velho iam trabalha era uma demora eles fica pensando quando ia acaba mais pra tudo passa mais rápido todos si juntava e cantava pra passa o tempo e a chatice de fica trabalhando passa e virava alegria e eles não lembra que esta trabalhando o trabalho parecia mais fácil.

Ai eu perguntei o rojão só e cantado no trabalho:
Eles reponderam que qual que luga e qual que hora pode ser tirado o rojão, o rojão um canto sarada não e igual ao toré mais ja faz parte de nossa vida ja faz tempo isso nos tamos que deixa pra nos nosso filho ,neto pra dota família por que foi nosso pais que deixaram pra gente e nos vamos deixa pra eles isso e um tradição que eles tem que da continuidade a isso.
Eu achei muito bom eu não sabia o que era rojão mais agora eu vejo que o rojão faz parte de nossa cultura também e fique muito impressionado e muito lindo o rojão eu adorei não vejo a hora de ver o cd.

Autor :juayran
Gmail:juayran.kxc@gamil.com
blog:juayran.blogspot.com

Indios Online

http://www.indiosonline.org.br/novo/a-gravacao-do-rojao-na-aldeia-kariri-xoco/



quinta-feira, 22 de julho de 2010

FOGUEIRAS DAS HISTÓRIAS

Pela necessidades de agrupamento, os indígenas se reuniam ao redor do fogo, para discutir seus problemas, falarem da criação do mundo, das caçadas, da pesca, das tradições dos antepassados deram origem a tribo como povo. Quando os índios Kariri-Xocó ocuparam a Fazenda Modelo em 31 de outubro de 1978, os homens fizeram piquete no portão de entrada da aldeia. Acenderam logo uma fogueira debaixo do pé da canafístula, ali ficavam a noite e o dia, fazendo vigilância para dar segurança a tribo. Naquele fogo faziam café, assavam carne e peixe da Lagoa Comprida, dali sai histórias dos tempos passados, do presente para garantir o futuro. Nossa tribo tinha grandes Contadores de Histórias: Joaquim Fumaça, Velho Gringo, Manoel Iraminon, Otávio Nidé, Francisco Suíra, Candará, Antônio Preto, Cícero Irêcê e Júlio Queiroz. Cada Contador de História tinha sua especialidade, Joaquim Fumaça falavam do Tempo do Rei, dos engenhos de cana-de-açúcar, de príncipes, de feiticeiros, assombrações, de Lobisomens, dos viajantes e tropeiros. O Velho Gringo contava de valentia dos Cangaceiros de Lampião, de Corisco, Polícia Volante, dos Valentões do Sertão, das espertezas de João Grilo, de Zé Bico Doce, dos Coronéis da região. Manoel Iraminon, conhecia o órgão S.P.I., dos fazendeiros do sertão e do litoral, da Revolução de 1930, da Intendência de Colégio, do sertanejo pobre, dos vaqueiros na lida do gado, histórias de mistérios, das festas do interior. O Cacique Otávio Nidé, conhecedor das Leis da Tradição, falava das genealogias tribal, dos pajés, do Conselho Tribal, do Cemitério Sagrado, onde enterrava os mortos em igaçabas, conhecia os segredos do rio, da Mãe Dágua, do Negro Dágua, do Fogo Fátuo, falava das trovoadas, dos raios, da chegada do inverno, da seca do verão. O Pajé Francisco Suíra nosso Chefe espiritual, comandava o Ritual do Ouricuri, da Cura dos Doentes, conhecia espíritos dos brancos, que na sua casa chegava, feitiços dos bruxos, olhos malignos da inveja, das doenças e fartura. Candará é um caçador da mata, este índio imita pássaros, animais de pelo, conhecia rastro de teiú, da capivara, do veado, sabia onde dormia o gato-do-mato, sobressaía da esperteza da raposa, tem um conhecimento vasto da fauna e flora. Antônio Preto era uma pessoa mateiro, trabalhava em madeira, remédio de raiz de pau, fazia girau de cipó, casa de pau-a-pique, choupana de taipa, trabalhou em engenhos velho, sofreu tanto de fazer dó. O Cacique Cícero Irêcê, comandou a entrada da Fazenda Modelo, conhece as histórias das tribos do São Francisco, dos Kariri, Natu, Romarís, Xocó, Aramuru, Karapotó, Aconãs e Tupinambás, um conhecedor das relações com o Governo Federal, FUNAI , ministérios e órgãos públicos. Julho Queiroz filho do Pajé Suíra, cantava toré e rojões, nas atividades de mutirão, fazendo tapamento de casa, limpando a terra para o plantio, de feijão e milho. Ao redor da fogueira saiam muitas histórias bonitas, de angústias que passamos, das injustiças da política indigenista, da invasões de nossa terra, dos fazendeiros poderosos, da exploração da mão-de-obra barata, do sofrimento do povo. Da histórias da fogueira saiu muitas soluções importantes, reconquistamos nossas terras, conservamos a tradição oral, a cultura preservamos, cantos e danças do toré, que agora podemos mostrar. Nhenety Kariri-Xocó.
http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=42&p=1836&more=1&c=1&tb=1&pb=1#more1836

C

MEMORIA SOCIAL

Acompanhando a trajetória histórica do meu povo vemos que cada pessoa traz um conhecimento adquirido. Notamos que “cada pessoa é um livro vivo", cada geração é um volume desta “grande biblioteca humana", constituindo esse espetacular acervo da “memória social do povo".

Quando eu era criança conheci o velho Analbertino nascido em 1894, que morreu em 1972. Este ancião era filho do antigo cacique Xocó, Inocêncio Muirá, meu tetra-avô. Inucencio nasceu em 1855 e morreu em 1930. O cacique Muirá fez várias viagens a pé para o Rio de janeiro. Fez uma em 1870, outra em 1888 e uma última em 1890, sempre para falar com o Imperador Dom Pedro II, para reclamar a invasão de nossas terras pelo Coronel Jõao Fernandes de Brito na Ilha de São Pedro de Porto da Folha. Eu não conheci o cacique Inocêncio Muirá, mas conheci seu filho Analbertino, isso me permitiu conhecer uma época. Atraves da vida das pessoas, a gente conhece um determinado tempo.

Vamos registrar as histórias de cada geração. Cada pessoa é um livro vivo. Vamos organizar nossa “biblioteca viva” do acervo Memória Social Indígena.

A soma de todas as pessoas consideradas livro vivo é a memoria social de seu povo.

INDIOS ON-LINE é uma forma de organizar nossa bibloteca viva. PARTICIPE!

Muitos de voces poderão escrever projetos de PRESERVACAO DE MEMORIA…e para aqueles que forem escrever outros tipos de projetos, ainda assim é bom que tenham em conta esta perspectiva.

Nhenety Guardião da Tradição Oral.

http://www.indiosonline.org.br/blogs/index.php?blog=42&title=memoria_social&more=1&c=1&tb=1&pb=1